Há alguns dias começou uma das melhores discussões do
ano na lista Aifia-pt
como o assunto RIA, esse novo conceito de aplicação Web que a
Macromedia está consolidando. Quem quiser acompanhar direto no histórico
da lista, fiquem à vontade, são no total 36 mensagens muito
pertinentes. Selecionei alguns trechos que julguei interessantes para quem tem
pressa:
Thais Mattoso abriu o tópico:
A I-group (http://www.i-group.com.br), recentemente se tornou uma agência
de marketing digital da Macromedia aqui em São Paulo.
(...)
Eu já tive a oportunidade de trabalhar com essa tecnologia, fazendo
um anteprojeto visando a reestruturação de um "carrinho de
compras" de um site de e-commerce e achei muito legal. O grande lance agora,
é nos especializarmos e divulgarmos isso entre nossos clientes deixando
claro de que o flash deixou de ser algo estético para se tornar muito
funcional. No site Macrocenter vcs irão encontrar detalhes sobre essa
tecnologia, alguns cases interessantes e cursos de formação na
área.
Irapuan Martinez criticou:
Dizem que o Flash é rico. Seria o conteúdo em HTML pobre?
Flash tem essa característica: Você está restrito ao que
o desenvolvedor criou. Se os links abrem na janela corrente ou em novas janelas,
não está na mão controlar isso, quem controla é
o web designer. Deep links? Selecionar textos? Bookmarkear uma página?
Zoom font? Chavear estilos? Boormarklets? Barras de rolagens movidas ao scrollwheel
do mouse? Conteúdo acessível a qualquer resolução
de vídeo? Style media types? Separação de informação
da formatação? Acessiiblidade? Indexabilidade?
Nada disso é suportado - salvo se o desenvolvedor do Flash gastou horas
de produção desenvolvendo estas interações. No HTML,
essas coisas podem ser consideradas inerentes ao formato.
Oh, claro, o HTML não tem texto voando, intermináveis transições
e nem som. Dado o tempo que isso nos despediça, abençoado HTML.
Diante de tantas restrições que o Flash imputa ao usuário,
ele merece ser chamado de "rico"?
Restrict Internet Applications, isso sim.
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[Atualização] A palestra está disponível para donwload por alguns dias. Quem não pôde estar presente, agora não tem mais desculpa ;)
O Flash User Group São Paulo adiou a conclusão do ciclo
de palestras Heavy para os dia 10 e 11 de novembro de noite. Eles marcaram
anteriormente palestras nos sábados, mas a Macromedia esqueceu de avisar
que nesse dia o servidor do Breeze entra em manutenção.
Na quarta-feira teremos palestras sobre Actionscript com Maxwell Dayvson, Neto
Leal e Gabriel Laet. Na quinta, teremos mais Actionscript com o Laet e em seguida,
minha palestra intitulada A Vocação do Flash: Ria, Hotsites
e Infográficos, cujo resumo segue abaixo:
Para quê o Flash realmente serve? Para trazer maior usabilidade
para aplicações, mais emoção para a publicidade
e ensinar conceitos complexos através da hipermídia. Isso é
o que ele faz de melhor e sem concorrência. Usá-lo para substituir
HTML e criar introduções animadas é desperdício
e equívoco. Entenda os prós e contras do Flash e os conceitos
que ele permite por em prática.
Quem não puder estar online no momento da palestra, fique frio. Elas
serão gravadas do mesmo jeito que essa palestra sobre Flash
na publicidade online, do Fabiano Cruz. Outras palestras gravadas, vejam
no site deles.
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Reflect.com é uma loja virtual
que vende cosméticos pela Web. Mas não é qualquer cosmético,
você pode encomendar produtos altamente personalizados. Escolhe os ingredientes,
as cores, as texturas e até escreve um nome na embalagem.
O mais fantástico é o esforço para criar uma experiência
sensitiva rica usando belas imagens e textos adjetivados.Sou um cara completamente
anti-vaidade, mas tenho a certeza de quem gosta disso vai se sentir muito próximo
do produto. Talvez até mais do que com ele na mão numa loja real.
Eles tem até a coragem de vender uma colônia personalizada através
de um meio completamente inodoro. Primeiro, eles fazem algumas
perguntas com relação ao estilo e uso pretendido. Depois é
que começa o show. Você passa por várias
telas de imagens que descrevem os seu tipo psicológico. Você
escolhe as imagens que mais se atrai. Numa tela, por exemplo, você pode
escolher entre:
- Oceano agitado (onda quebrando)
- Desabrochar da manhã (flores)
- Madeiras suaves (bosque de outono)
Porém, às vezes a magia se quebra. Toda a sensação
de controle que você tem por estar fazendo um shampoo personalizado vai
por água abaixo se você não quizer responder um formulário
com 30 drop-downs sobre seu tipo de cabelo. No total, são pelo menos
60 cliques. Eu disse 60 cliques?! Meu Deus!
Se tirassem os drop-downs e colocassem uns radio-buttons, esse recorde digno
do Guiness cairia pela metade. Se construíssem uma Rich Internet Applications,
chuto que poderia ser reduzido a uns 5 cliques, caso fosse usado o pattern de
afunilamento interativo (interactive narrowing). Basicamente, a interface vai
fazendo perguntas cada vez mais específicas e as opções
são determinadas pelas escolhas já feitas.
Feito em Flash, a interface poderia ser mais visual tal como o simulador
de tinturas pra cabelo da Seda. O tamanho de algumas telas (que chega a
200 Kb) poderia ser reduzido pela metade. As transições e os preloaders
diminuiriam a taxa de abandono, caso fossem usados para distorcer
a noção de tempo.
Se você não clicou em nenhum link acima, pode estar pensando:
"ué, pensei que tinha sido no Flash mesmo..." Não...
foi feito todo em Javascript. Na realidade sem Javascript você não
faz nada lá. Nem os links normais funcionam.
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A Macromedia está fazendo uma campanha muito grande para abocanhar contas governamentais. Ela se baseia no argumento de que a maioria dos sites em HTML puro falham por que não oferecem usabilidade suficiente. O problema é que não adianta dar a ferramenta de RIA (que realmente pode melhorar a experiência do usuário), nas mãos de quem não sabe usar. Veja por exemplo esse website informativo sobre como funcionam as cortes inglesas:

Só para começar, você é obrigado a ver uma introdução que dura minutos explicando como usar a bagaça. Existe uma opção de pular, mas ela está tão escondida que aposto como poucos vão usar. Instruções de navegação só são aceitáveis se forem muito breves e se aterem a explicar a metáfora de navegação. No caso do site das cortes, parece que os designers pensa que todo usuário é igual ao Seu Batista, da escolinha do professor, que não entendia nada se não fosse "tudo explicadinho, nos mínimos detalhes" (era ele quem falava isso né, gente?).
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Estava lendo uma matéria sobre uma conferência sobre design de interação para crianças e caí num dos projetos de um conferencista, que é fantástico: uma biblioteca virtual de livros infantis, tudo de graça. E livros bons! O próprio website da biblioteca tem um design primoroso que serve tanto para crianças quanto para adultos:
- contrastes suficientes para criar um clima, não dói o olho
- sem imagens inúteis
- textos curtos e em fonte grande
- iconografia muito precisa e com personalidade
- identidade visual consistente ao longo das páginas
- navegação visual (através de imagens hiperlinkadas)
Agora a parte que mais nos interessa: eles tem uma versão em RIA, feita em Java. Se fosse Flash, poderia ter evitado de travar minha máquina e provavelmente o download seria muito menor, mas talvez assim seja mais fácil de encontrar programadores habilitados.
A interface da aplicação não desanima. É ainda mais visual que o website e pode ser facilmente operada por uma criança ávida por leitura. Tem um modo de leitura que eu achei particularmente instigante, o modo de espiral, veja nesse adorável livro árabe.
Só fico com um certo receio da saúde ocular das crianças do futuro próximo... precisamos de monitores melhores urgente! E de preferência em laptops.
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