Blog sobre Webdesign, ou melhor, Design de Interfaces Web, ou melhor, Arquitetura da Informação, ou melhor, Engenharia de Usabilidade, ou melhor: leia e discuta sem se preocupar com o nome.
Assunto Estética
Para os filósofos é a busca pelo belo. Para mim, o termo define o aspecto de uma interface, formado pela junção das formas, cores e texturas.
Minha última aventura em busca de conhecimento sobre design de informação foi no curso de Engenharia Cartográfica. Os caras que fazem mapas chamaram duas professoras de psicologia para falar sobre Cognição, disciplina que trata, entre outras, da forma como interpretamos os estímulos do mundo externo.
As duas vinham da corrente sócio-história da psicologia, que estuda o homem sempre dentro de seu contexto social. Nossos pensamentos, sentimentos, reações e outras funções cerebrais são determinadas pela sociedade em que vivemos e não por herança biológica, como se acredita em outras correntes mais positivistas.
As evidências são muitas. O caso da percepção de cores é emblemática. Um pesquisador russo chamado Luria estudou agricultores na extinta União Soviética e descobriu que eles simplesmente não conseguiam abstrair uma cor para além do objeto colorido. Para eles, só existiam as cores pêra, algodão estragado, algodão em flor, dente podre, esterco de bezerro, esterco de porco e etc. Azul? Vermelho? Verde? Nunca viram tais objetos antes...
Pablo Barros enviou para a ArqHp o link de um analisador automático de contraste que se baseia numa fórmula bolada pelo W3C. Você envia seu CSS e ele diz quais formatações apresentarão problemas de legibilidade para daltônicos e usuários de monitores monocromáticos (ainda existe algum?).
A intenção é boa, mas está longe de resolver o problema na prática. O problema é que o contraste entre duas cores depende do contexto em que elas estão inseridas. Note no exemplo abaixo que uma mesma combinação de fundo azul e texto preto não é boa no contexto branco, mas no preto até que é razoável.
Num monitor preto-e-branco essa diferença é ainda mais fácil de perceber:
Acabo de voltar da segunda aula de Rituais e Simbolismo e estou convicto de que minha incursão pelo curso de Antropologia não foi em vão. Usar o computador pode não parecer, mas perante a teoria contemporânea dos ritos, é de certa forma um ritual.
Seria só uma piada sem graça, se estivesse me referindo apenas aos procedimentos estritos (e às vezes incompreensíveis) que o computador nos obriga a realizar. Alguém se lembra da árdua tarefa de fazer rodar um simples jogo na era do DOS?
1. Editar o Config.sys e habilitar o Emm386.exe
2. O Emm386.exe comeu a memória convencional, agora é preciso liberar memória carregando o driver do CD-Rom na memória estendida
3. Tudo certo com a memória, mas temos problemas com a placa de vídeo. É preciso saber o chipset dela. Será Trident 8800CS ou Trident 8200LX? Pra saber só abrindo a CPU e anotando o código que estaria em um dos chips ao lado de outros tantos códigos parecidos
...
No período de transição
de micreiro para designer, sentia certa dificuldade de ter boas idéias
para layouts. Apesar de já ter estudado um pouco pintura, não
sou prolífico como certos amigos que nunca precisaram parar para pensar
como ter idéias visuais, para eles isso veêm natural e rapidamente.
Então, resolvi procurar abordagens metódicas para agilizar meu
trabalho. Li diversos artigos com sequências de ações "infalíveis"
para ter boas idéias, mas sinceramente não achei que fosse assim
tão e fácil e não foi. Tive que desenvolver meu próprio
método, de acordo com minhas habilidades e incapacidades.
Os artigos que mais me ajudaram foram o da Carole Guevin, no Afterchaos.
Quem puder ler, vale à pena. São curtos e diretos e dão
uma base para quem quiser desenvolver a sua metodologia própria. Na publicidade
tem um clássico chamado Um
Toc na Cuca que parece muito bom, só não me animei a pagar
por ele.
Em todos os artigos, uma mesma recomendação: vá fazer
algo longe do PC para ter novas idéias. Explorei esse assunto numa entrevista
com um dos caras mais criativos que conheço, o Marcelo Sampaio. Esse
cara faz uns banners geniais, mas não soube me explicar bem porque é
melhor se inspirar longe do PC.
Esses dias, por acaso (!), essa questão voltou à minha mente
e resolvi perguntar para o Donald Norman, que tem um background fantástico
em psicologia, o porquê disso. Confiram a tradução da pergunta
e resposta originais:
Donald Norman, sócio do Jakob
Nielsen e um dos maiores gurus do design, respondeu uma pergunta pública
que fiz a ele. Li muitos artigos de sua autoria e estou finalizando seu livro
mais conhecido, The
Design of Everyday Things, que trata da usabilidade dos objetos por uma
perspectiva da psicologia cognitiva. Fiquei extremamente feliz por ser contemplado
por tão sábia e ampla resposta, aprendi muuuuito. Recomendo a
todos que façam suas perguntas
ao homem.
Minha dúvida surgiu quando tive contato com um estudo que relacionava
usabilidade percebida à estética. Concluí que no contexto
Web, esta última é mais importante, porém, aproveitei a
oportunidade para que o autor do badalado Emotional
Design me confirmasse isso. Claro, como um legítimo bom guru, desconfirmou:
"não é mais, nem menos importante: tudo depende da ocasião".
Ah, ficar em cima do muro é fácil. Fácil nada, note a justificativa
do homem.
Pergunta
Websites e aplicações Web são supostamente feitos para
serem usados uma ou poucas vezes, então a usabilidade percebida (correlacionada
com a estética) seria mais importante do que a usabilidade real (tempo
para finalização da tarefa, número de erros encontrados,
etc) na Web?
(Não estou dizendo que a usabilidade não é importante,
só estou na dúvida se a estética é mais importante
para superar a competição brutal da Web e conquistar a atenção
do usuário do que a usabilidade real que não é percebida)