A Faculdade deve ser um Curso Superior

O Curso Superior é aquele que é capaz de transformar profundamente o intelecto de uma pessoa. Quem faz um Curso Superior abre as portas, as janelas e os porões da mente para a entrada da luz do conhecimento. É uma experiência inigualável.

Agora que eu terminei meu Curso Superior, parei pra olhar pra trás e vi o tamanho da caminhada. São tantos vales, montanhas, florestas e rios que cruzei que nem consigo mais ver onde começou isso tudo. Só posso dizer que antes do primeiro passo não podia imaginar que o mundo era tão grande... e tão complexo.

Agora já posso colocar no meu currículo o título de Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, mas sabe do que mais? Isso é o de menos. A Faculdade não me ensinou a ganhar dinheiro, a Faculdade me ensinou a pensar. Pensar sobre a sociedade, pensar sobre o homem, pensar sobre eu mesmo. Ao invés de sair preparado para o mercado, saio da Universidade preparado para a vida.

Apesar de não trabalhar diretamente com Jornalismo, não me arrependo do caminho que escolhi. Entender a função da mídia de massa, por exemplo, me levou a tomar uma decisão muito importante na minha vida pessoal: dispensar a televisão, jornais e revistas. Nesses quase 3 anos sem assinaturas e sem televisão em casa, encontrei tempo para realizar atividades mais úteis e divertidas. Não sei se será assim a vida inteira e nem aconselho que outros sigam meu exemplo, mas até agora tem sido muito bom!

Durante a Faculdade, o fenômeno da comunicação de massa foi apenas um dos tópicos tratados. Para entender esse assunto, é preciso conhecer um pouco de sociologia, história, literatura e até filosofia, acredite se quiser. Todas essas áreas se entrelaçam e tem relevância para a vida pessoal de cada um. Conhecê-las é crescimento pessoal, não só crescimento profissional.

Uma vantagem do Curso Superior que escolhi é que o currículo é extremamente flexível. Do total de 2710 horas, 840 são optativas, ou seja, pode-se fazer disciplinas em qualquer outro Curso Superior da universidade desde que hajam vagas sobrando. Claro que, como era de se esperar de uma universidade pública, as oportunidades não eram assim tão fáceis de achar. Mesmo assim, consegui fazer disciplinas nos cursos de Design, Gestão da Informação, Publicidade, Letras, Filosofia, Antropologia e até Engenharia Mecânica.

Abaixo listo as disciplinas que tiveram maior relevância para minha área de atuação profissional atual:

Estas aqui não tiveram relação direta com minha profissão, mas ampliaram muito minha visão de mundo:

E, por fim, as disciplinas restantes da Habilitação em Jornalismo:

Além das disciplinas regulares, tive um ano para me dedicar ao meu Trabalho de Conclusão de Curso, este sim especificamente na área em que atuo: Arquitetura da Informação. Apesar dos professores do Departamento de Comunicação não poderem me orientar nesse assunto, encontrei vários livros nas bibliotecas da UFPR que me ajudaram na pesquisa. Para encontrá-los tive que ir olhando de prateleira em prateleira, procurando pistas aqui e ali, já que tanto a categorização quanto o sistema de busca estão obsoletos.

Na disciplina Aspectos Semióticos da Informação (Departamento de Ciências e Gestão da Informação) encontrei finalmente um professor que pôde me orientar numa pesquisa sobre Arquitetura da Informação. O artigo original intitulado "Uma proposta semiótica para a avaliação de estruturas de navegação" gerou um pôster que será apresentado no evento de Iniciação Científica da universidade. Essa mesma pesquisa rendeu também um artigo resumido aprovado no SMSI 2005. Fiquei tão empolgado com a Semiótica que comecei a desenvolver por conta própria o Perfil Semiótico, método que os leitores deste blog conhecem bem.

Gostei tanto da atividade de pesquisa que não vejo a hora de fazer um Mestrado. Em Curitiba, me interessa o Mestrado em Tecnologia do CEFET-PR, que possui um grupo de pesquisa em Design, Arte e Cultura. Ainda não sei qual seria meu projeto de pesquisa, mas poderia ser sobre Design de Interação. Veremos como as coisas se desenrolam.

Bem, isso é tudo. Espero que meu exemplo sirva de incentivo para leitores que gostam de estudar e ainda não fizeram uma graduação. Meu conselho é: procurem um Curso Superior de verdade. Não se preocupem com a técnica, preocupem-se com a tecnologia. Não se preocupem com o status social, preocupem-se com a sociologia. Não se preocupe com o dinheiro, preocupem-se com a economia. Todo o resto vem em consequência. Como diria meu Tio Alexandre Kober: "Não é o dinheiro que vai lhe trazer conhecimento, é o conhecimento que vai lhe trazer dinheiro". Ainda não fiquei rico, mas confio nas palavras dele.

Fred van Amstel ([email protected]), 28.09.2005

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