O caminho da tarefa

Quando abrimos uma página com ou sem um objetivo definido, paramos nem que seja alguns milésimos de segundos para decidir em que link clicaremos primeiro. Quando o site é do tipo hierárquico, como o diretório do Yahoo, já até planejamos o segundo clique. Mas, para fazer esse julgamento, montamos um modelo mental das opções disponíveis seguindo a lógica percebida da página. Essa percepção não é igual para todas as pessoas, nem mesmo para a mesma pessoa em ocasiões diferentes. A Universidade de Indiana (EUA) tem um guia muito bom sobre o assunto.

Montar um esquema de navegação que funcione para todos seus usuários é muito mais difícil que parece. No momento estou comparando os menus de navegação dos sites das principais Universidades federais do Brasil e estou cada vez mais encafifado. A maioria privilegiam os interesses dos funcionários e professores, outras os dos alunos e poucas o interesse da sociedade em geral.

Mas, nenhuma oferece uma gama satisfatória de caminhos coerentes para se chegar a um objetivo comum. A UnB, por exemplo oferece um menu bastante amigável até mesmo para quem olha de fora. Mas, depois do primeiro clique, desanda. Normalmente as páginas intermediárias são lotadas de links burocráticos e demora um tempão até decidirmos onde estará o que procuramos. Pelo menos o estilo de navegação é consistente na maioria dos subsites.

O portal da minha universidade então, nem se fala. Quase todos os links levam a outros sites com outros padrões visuais e de navegação. É preciso redefinir a rota a cada vez que se clica.

Até agora quem está melhor cotado nesse quesito, é o site da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Apesar de oferecer o perigo de alienação uma navegação segmentada por públicos, os caminhos possíveis ficaram mais visualizáveis da forma como foi feito. Estou conversando com o pessoal que fez o re-design lá. Parece que são também adeptos de Design Centrado no Usuário.

Creio que a melhor forma de projetar caminhos é através da Análise de Tarefas. Encarar qualquer ação que o usuário pode realizar num website como tarefa é coisa de engenheiro, mas é bem adequado para um site utilitário como o das universidades. Partimos do princípio que o usuário entra no website com um objetivo bem definido e com pressa para atingí-lo. O site mostra quais as tarefas que pode ajudar a realizar e ele escolhe uma ou vai embora. Assim, seco. Os caminhos seriam os passos do começo ao fim da tarefa.

Ainda quero validar essa minha idéia em testes com os usuários, mas acredito que orientar a arquitetura do projeto da UFPR de acordo com a similaridade entre as tarefas é melhor do que segmentar por público e do que espelhar a administração interna da instituição. Falarei mais sobre isso em breve. Fiz um grupo de foco com usuários para identificar as principais tarefas, mas ainda não tive tempo de analisar os dados. Em breve coloco aqui.

Fred van Amstel ([email protected]), 13.08.2004

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