The Visual Display of Quantitative Information

Edward Tufte traça a história dos gráficos de dados, mostrando como a técnica surgiu e evoluiu nos últimos 300 anos. Em seguida, o autor identifica as principais características dos gráficos de dados e os tipos: barras, pizza, dispersão, linhas e etc.
Ao longo do livro, Tufte repete que é preciso economizar a tinta gasta com a exibição dos dados.

Não se pode gastar mais do que o mínimo necessário, do contrário, o gráfico ofusca a informação e caracteriza o que chama de chart-junk, ou sujeira de gráfico. O embelezamento de gráficos é supérfluo e desvia a concentração do leitor para longe do que realmente interessa: o entendimento dos padrões entre os dados. Para ele, se o autor do gráfico "sente a necessidade de embelezar o gráfico, é porque escolheu os números errados".

Tufte aponta como a desculpa de embelezar gráficos pode ser usada tanto para distorcer dados, como para descontextualizá-los. Ele cita alguns exemplos de gráficos publicados em grandes revistas e jornais estadunidenses que misturam desenho e gráfico, os chamados infográficos. Segundo os veículos de comunicação, o embelezamento do gráfico é útil para facilitar o entendimento da informação, graças ao efeito de contextualização que os desenhos proporcionam. Acreditam que, sem a interpretação do gráfico, o leitor dificilmente se dá ao trabalho de entendê-lo.

Um exemplo é o gráfico abaixo que trata de um novo monumento que será construído no interior dos Estados Unidos:

infografico_crucifix.gif

Segundo Tufte, o gráfico estaria carregado de chart-junk, porque os objetos representados se sobrepõem e se confundem. Também criticaria o fato de que não foi feita a comparação de altura com os monumentos semelhantes, talvez a mais importante. A Estátua da Liberdade pode parece menor do que o monumento em questão, já que o gráfico conta a sua altura, incluindo a base, algo que não fica claro no gráfico. A base dá a impressão de ser mais um prédio justaposto, possivelmente para efeito decorativo.

O embelezamento do gráfico é perigoso, mas em alguns casos, pode efetivamente auxiliar o entendimento das informações e satisfazer o leitor. Tudo depende do contexto em que ele está inserido. No caso de informações financeiras, o público tem grande motivação e prática para entender dados em gráficos padronizados, simples. Floreios nesse caso, seriam mal vistos.

Porém, no caso da cobertura de assuntos do dia-a-dia, como num jornal diário que relaciona o volume de água consumido na cidade com a percentagem desperdiçada de água, o recurso pode ser bem interessante. Caso o gráfico não tenha uma apresentação visual atrativa, provavelmente ele passará desapercebido e o leitor não se beneficiará dele.

Vivemos a era da economia da atenção, onde milhares de pontos espalhados pela mídia clamam por um olhar. Por isso, só paramos para prestar a atenção em coisas que nos fazem sentido instantaneamente. O embelezamento do gráfico proporciona justamente esse tipo de impacto instantâneo.

O problema é quando o embelezamento distorce as informações, como no caso da página anterior. Isso não deve ser feito de maneira nenhuma. É possível criar gráficos bonitos que não distorçam as informações contidas. É só uma questão de cuidado estatístico e bom senso.

Fred van Amstel ([email protected]), 15.06.2005

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