Fácil de usar X fácil de aprender

Paulo Renato escreveu mais um artigo sobre navegação pro Webinsider. Dessa vez ele compara menus práticos e menus intuitivos. Sim, tem diferença. Ou uma interface é fácil de usar ou é fácil de aprender. Claro que é preciso um ajuste fino de acordo com o que é preciso, mas vai sempre pender para um lado. No meu livro, quando falo de planejar a curva de aprendizado (o tempo e facilidade para dominar uma interface), eu digo o seguinte sobre:

Você pode se sentir muito confortável usando o Photoshop hoje, mas garanto que não foi nada fácil nos primeiros contatos com o software, foi difícil de aprender. Este software tem um cuidado fantástico com a usabilidade, porém não é muito amigável para quem está começando com ele. Entretanto, quando é preciso um controle fino e avançado, ele fornece isso a menos de três cliques. Se levarmos em conta que a esmagadora maioria dos usuários de Photoshop são profissionais, com objetivos de uso avançado, podemos enteder o porque do seu sucesso no meio profissional. Seu concorrente, o Corel Photo-Paint 10 é muito mais fácil de usar para quem está começando, a começar pela linguagem facilitada dos menus, que evita termos técnicos. O menu tem muito menos opções que o Photoshop e conta com ícones coloridos, que dão um tom ainda mais descontraído, apesar de poluirem visualmente. Infelizmente, para usuários avançados ele apresenta uma série de problemas. Os ajustes finos são mais difíceis de serem alcançados, as tarefas mais frequentes não estão próximas. Enfim, é mais fácil de aprender, mas menos fácil de usar.

Apesar do artigo do Paulo ser bom, acho que ele deslizou quando disse que:

De maneira geral, menus mais horizontais (com muitas opções no primeiro nível) são mais práticos. Eles exigem menos cliques até o objetivo. Já menus verticais (com poucas opções, mas com muitos submenus) são mais intuitivos.

Quando ele diz horizontal, não está se referindo à orientação gráfica, apenas ao conceito. Menu horizontal é aberto, não tem submenus e vice-versa. Porém, orientação do menu não tem a ver se é fácil de usar ou não, o que tem a ver mesmo são os rótulos e os contextos. Um menu cheio de opções (aberto) pode sobrecarregar o usuário, tanto quanto um menu com poucas e estranhas opções pode confundí-lo. Gerenciar essas qualidades de uma interface é um processo complexo e com certeza não é uma variável mágica que vai resolver o problema, isso o Paulo até diz no artigo. O segredo mesmo é focar no conjunto e testar sempre.

Segundo Ben Schneiderman, as variáveis de uma interface de software que devem ser balanceadas são as seguintes:

Quando o Paulo fala de praticidade, está se referindo à performance na realização de tarefas, e intuitividade ao tempo de aprendizado. Porém, o termo intuitividade é meio perigoso no campo acadêmico da área. Donald Norman diz que temos que lembrar que o que hoje nos é intuitivo (como andar), levou anos para ser aprendido. Por isso, é melhor usar o termo familiaridade. Concordo com ele, mas não deixo de usar o termo intuitivo. Como disse, o Paulo, intuitividade é um termo bastante intuitivo. Mas me lembro quando foi lançado o Windows 95 e o termo intuitivo foi usado nas propagandas. Como um software pode ser intuitivo sem ele não tem intuição? Creio que esse seja mais um termo "prostituído" pelo marketing.

Fred van Amstel ([email protected]), 24.06.2004

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