Embelezar gráficos é perigoso

Estou lendo o livro Designer´s Guides for Creating Charts an Diagrams de Nigel Holmes, que na época era ilustrador da famosa revista Time. O cara adorava ilustrar gráficos para torná-los mais amigáveis e interpretar os dados mostrados. Veja um exemplo simples dessa técnica aplicada a um gráfico de pizza:

Navegadores usado pelos leitores do Usabilidoido em Outuibro de 2004

O fucinho e a orelha da raposa saindo pra fora significam que o Firefox está tentando tomar o lugar do Internet Explorer, mas ainda está longe de conseguir. Como vocês podem notar, com as ilustrações mais fácil de perceber o viés de quem fez o gráfico (sim, eu recomendo altamente que vocês troquem de navegador).

Mesmo assim, nesse caso não houve distorções e o gráfico é muito mais interessante que sua versão em tabelas com números. Porém, fiz dois outros gráfico para ilustrar como nem sempre isso é vantajoso para entender melhor os dados:

Números de acessos médio no Usabilidoido por hora do dia (em Hits)

Números de acessos médio no Usabilidoido por hora da noite (em Hits)

Apesar de bonitinhos, nesse caso os gráficos de barra dispostos em círculo dificultam a comparação entre os valores. Note no gráfico original feio como é muito mais fácil perceber o padrão de acesso (que é o objetivo de um gráfico como esse):

Outro recurso utilizado erroneamente pelos infografistas é trocar barras por desenhos que são dimensionados de acordo com a altura da barra. O problema dessa técnica é que causa uma certa distorção. Note como no gráfico abaixo, o primeiro valor parece muito menor do que o último, quando na verdade ele representa 1/4 do valor do último:

Número de visitas médio ao Usabilidoido por mês

Se fosse mantida uma largura fixa como a barra do gráfico original, os dados não seriam distorcidos, mas aí as figuras ficariam distorcidas. Pior do que isso só usar grades curvas ou tridimensionais para se ajustar melhor ao desenho que envolve o gráfico. Isso torna a comparação mais imprecisa, porque é preciso levar em conta essas alterações na grade e compensar as diferenças.

O livro foi escrito em 1982, quando os infográficos começaram a ser mais valorizados nos jornais. Pelos exemplos que vi no site do autor, parece que ele mudou radicalmente sua abordagem. Porém, ainda há muitos infografistas por aí que se vangloriam por tornar gráficos mais amigáveis abusando de ilustrações. Como diz Edward Tufte, no seu excelente livro "Envisioning Information":

Se você sente que precisa embelezar um gráfico, é porque escolheu os números errados.

Fred van Amstel ([email protected]), 11.11.2004

Veja os coment?rios neste endere?o:
http://www.usabilidoido.com.br/embelezar_graficos_e_perigoso.html