Afinal, o que é usabilidade?

Marcio Oliverio, professor da UNIP, está fazendo uma reportagem sobre Usabilidade para o jornal Expositor Cristão e fez uma entrevista por email que gostaria de compartilhar com os leitores. Tentei explicar da forma mais simples possível, para que um leigo no assunto entenda.

Marcio: O que é usabilidade ?

Frederick: Usabilidade é sinônimo de facilidade de uso. Se um produto é fácil de usar, o usuário tem maior produtividade: aprende mais rápido a usar, memoriza as operações e comete menos erros.

M: Onde ela é aplicada ?

F: Sempre que houver uma interface, ou seja, um ponto de contato entre um ser humano e um objeto físico (ex: cafeteira) ou abstrato (ex: software), podemos observar a usabilidade que esse objeto oferece.

Historicamente, o termo usabilidade surgiu como uma ramificação da ergonomia voltada para às interfaces computacionais, mas acabou se difundindo para outras aplicações.

M: Como a usabilidade pode ajudar pessoas com necessidades especiais, terceira idade e problemas cognitivos?

F: Usabilidade é uma medida relativa. O mouse é fácil de usar, mas para quem? Uma trackball pode ser mais fácil de usar por quem tem deficiência motora ou sofre de LER. A interface ideal é aquela que está adaptada às necessidades de seus usuários. O usuário de terceira idade pode precisar de textos com letras maiores e o usuário com desvantagem cognitiva pode precisar de alguns textos de ajuda a mais.

M: Para qual tipo de empresa os testes são indicados?

F: Testar um novo produto é essencial em qualquer ocasião, mesmo que seja só para saber se deu certo ou não. É possível realizar testes sem nenhuma cerimônia, apenas observando um amigo ou colega de trabalho durante o uso. Com olhar crítico, é possível obter muitas idéias de melhorias para o produto dessa forma.

M: Qual o custo dos testes ?

F: Se a empresa puder contratar um consultor especializado, digamos à R$60 a hora, e alugar um laboratório de usabilidade por R$1.200, é possível obter resultados muito mais precisos. O consultor pode discernir melhor entre um problema para um usuário individual e para todos os demais, enquanto que o laboratório oferece infra-estrutura para observação do teste, captura e análise de dados.

M: As empresas costumam investir na usabilidade?

F: No Brasil, poucas empresas reconhecem o valor da usabilidade. A maioria prefere investir numa campanha publicitária que faça o produto parecer fácil do que realmente torná-lo fácil através do envolvimento do usuário durante seu projeto.

Acredito que isso seja consequência da visão míope do empresariado brasileiro que sobrevaloriza resultados a curto prazo. Ao invés de estabelecer uma relação duradoura com seus clientes oferecendo um produto ou serviço de alto nível, eles preferem obter o máximo de lucro no menor tempo possível. Em última análise, é fruto da consciência de elite predatória, que se estabeleceu nessas terras desde que os portugueses chegaram...

M: Como você enxerga o mercado de usabilidade no futuro?

F: O mercado de usabilidade, mesmo no Brasil, está em franca expansão. Especialmente no Sudeste, empresários antenados já perceberam que vale à pena investir nisso e estão contratando profissionais especializados e empresas de consultoria.

Meu medo é de que se estabeleça uma cultura de testes isolados ao invés de testes integrados à uma metodologia de projeto centrada no usuário. É muito mais importante estar em contato com o usuário desde o início do projeto do que somente testar se está fácil de usar quando o produto já está acabado e, portanto, mais difícil de ser alterado em virtude do teste.

Fred van Amstel ([email protected]), 14.09.2005

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