Ele � programador, webmaster do site Comunica��o e
estudioso da tecnologia Macromedia Flash e de seu uso para a
constru��o de interfaces mais interativas. Frederick van
Amstel acredita que as interfaces hoje em dia tem a mesma cara
e que, com a ajuda do Flash, seriam mais din�micas. Conversei
com ele, que deu um panorama do que pensa sobre os atuais
layouts dos jornais online. Acompanhe a entrevista abaixo.
Comunique-se - Voc� acredita que as
interfaces de softwares est�o caindo na mesmice. Por qu�?
Frederick - Porque desde que foi criada a
met�fora do desktop (�rea de trabalho, pastas, �cones,
janelas, bot�es) h� d�cadas, pouca coisa mudou nas interfaces
de softwares.
Comunique-se - Desde quando voc� usa o
Flash e estuda a dobradinha Flash/interface?
Frederick - Desde o final de 2001. Mas s�
amadoramente. Comecei a trabalhar pra valer h� um ano. Eu
comecei a mexer com o Flash pegando a Trial da vers�o 5 no
final de 2001 e fiquei impressionado com a facilidade. J�
tinha tentado criar interfaces com a linguagem de programa��o
Delphi, mas me frustrei com a quantidade de c�digo necess�rio.
Eu n�o queria explorar o mundo obscuro da programa��o, s�
queria comunicar. Por isso eu considero o Flash t�o importante
para a hist�ria da interface.
Comunique-se - �, voc� sempre defendeu a
id�ia de que o Flash � uma forte ferramenta para constru��o de
interfaces.
Frederick - Um website n�o � uma
ferramenta, um software. Ele � uma mensagem, um esfor�o de
comunica��o. Ent�o, ele pode aproveitar a interface para
transmitir a sua mensagem. � aquele neg�cio do "Meio � a
Mensagem", de MacLuhan. Com o Flash, � poss�vel criar
interfaces mais adaptadas a essa finalidade, escapando dos
padr�es. Veja o exemplo (aqui) do site ingl�s do carro Phaeton da
Wolksvagen. O internauta navega por uma "gal�xia" em que cada
estrela � um texto. A extrapola��o do hipertexto n�o prejudica
a facilidade de uso e acrescenta uma experi�ncia marcante.
Comunique-se - Um artigo publicado recentemente por Mark Glaser
no Online Journalism
Review alerta que muitos pr�mios jornal�sticos acabam
pecando por premiar sites que utilizam bem a tecnologia Flash,
em vez de fazerem uma avalia��o jornal�stica, ou seja,
deixando de lado a parte editorial da coisa. O que voc� pensa
sobre atitudes como essas dos pr�mios?
Frederick � O Flash come�ou a ser usado
para fins publicit�rios em 99. Assim como ter presen�a na Web
no seu come�o, usar Flash � sin�nimo de atualidade, inova��o.
Por�m, usar Flash s� por ser Flash n�o acrescenta conte�do.
Logo surgiram cr�ticas avassaladoras a esse tipo de pr�tica e
as ag�ncias de Internet tornaram-se mais reservadas em rela��o
ao Flash. Assim ser� com os jornais online que o utilizam para
transmitir informa��o.
Comunique-se - Para voc� o Flash est�
sendo bem utilizado por ve�culos noticiosos? Recursos como o
infogr�fico s�o bem desenvolvidos?
Frederick - Isso est� ligado ao tipo de
profissional que faz o infogr�fico. Um jornalista pode contar
e interpretar fatos melhor do que um designer, gra�as � sua
forma��o. A cultura de Jornalismo Visual � relativamente nova
l� fora, h� poucos jornalistas com capacidade de bolar um
infogr�fico interativo. Ent�o sobra pros designers, que
priorizam o visual. No Brasil, essa cultura de jornalismo
visual � praticamente inexistente. Ainda vamos ter que esperar
muito tempo para termos coisas como os animados da BBC (aqui) ou os do El Mundo (aqui).
Comunique-se - E quanto aos layouts e
recursos em geral? Como voc� os v� em sites de not�cias hoje
em dia?
Frederick - Bem, no momento h� ainda uma
influ�ncia muito grande da linguagem visual do meio impresso.
Ainda n�o se desenvolveu um consenso nesse sentido que se
adapte ao meio Web. Colunas, blocos de texto grandes, aus�ncia
de hipertexto e efeito biblioteca (excesso de informa��o)
ainda � muito comum nos sites de not�cias. Tudo isso n�o
combina com a Web. � preciso aproveitar seus recursos e
entender como agem os seus leitores. Uma home page n�o � usada
igual a uma folha impressa: num jornal com um movimento r�pido
do olho � poss�vel ter uma vis�o geral dos assuntos que a
p�gina trata. J� no navegador s� � poss�vel ver uma pequena
�rea de cada vez. A Web ainda � muito nova sim, mas acredito
que essa inadapta��o � fruto de conservadorismo tanto dos
leitores quanto dos jornalistas. Basta comparar ve�culos
voltados para o p�blico geek, como a Wired, com jornais online populares, como o �ltimo Segundo, para entender o que estou
falando. Acho que os ve�culos online desperdi�am muito a
possibilidade de interatividade com o leitor. Acho muito mais
valioso que se desloquem jornalistas das reda��es para
gerenciar comunidades virtuais (f�runs de discuss�o e afins) e
bolar novas formas de intera��o com o leitor.
Comunique-se - Sobre o site Comunica��o,
onde voc� atua como webmaster. O que os leitores podem
encontrar l�?
Frederick - O Comunica��o � um projeto de comunidade virtual
da Universidade Federal do Paran�. Ele tem uma equipe de
reportagem que cobre os principais assuntos que interessam o
p�blico acad�mico. Os coment�rios dos leitores aparecem logo
abaixo das mat�rias e as enquetes s�o bastante discutidas. O
lugar j� est� virando ponto de refer�ncia na discuss�o dos
problemas da Universidade.
Comunique-se - Voc� falou sobre algumas
id�ias inovadoras do Comunica��o como o "Leia++". O que
exatamente � o "Leia++"?
Frederick - � um software que estou
desenvolvendo para agilizar a leitura din�mica. Por enquanto
ele identifica nomes pr�prios e declara��es nas not�cias e os
real�a. Fizemos algumas pesquisas com nossos leitores e
descobrimos que durante o "scanning", a leitura din�mica que
os internautas fazem, algumas partes do texto chamam mais a
aten��o. O "Leia++" � totalmente autom�tico, o jornalista que
redige a not�cia n�o precisa se preocupar em fazer nenhum tipo
de marca��o. Mas ainda est� em fase de testes. Tem alguns bugs
que precisam ser concertados.
Comunique-se - Voc� acha que o jornalista
que trabalha com online precisa ter no��o de tecnologias e
recursos como HTML, Flash e Photoshop?
Frederick - Acho que ele precisa ter no��o
do que d� pra fazer com as tecnologias dispon�veis, por�m n�o
precisa dominar seu funcionamento. Hoje, a utiliza��o
eficiente dessas tecnologias demanda um profissional
especializado nisso. Por�m, � medida que os softwares
est�o ficando automatizados, diminui o esfor�o para sua
opera��o. Ent�o, o jornalista deve se concentrar nos seus
assuntos, que j� d�o bastante trabalho para um profissional
sozinho: cativar fontes, colher fatos, opinar etc. A opera��o
de software fica por conta de outro. � como na edi��o para TV:
existem t�cnicos e jornalistas. Alguns jornalistas assumem a
edi��o da mat�ria, por�m isso n�o � necess�rio para concluir o
seu trabalho.
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