O que eu aprendi jogando videogame

O videogame é um artefato cultural como qualquer outro. Permite conhecer o mundo ao redor e imaginar possibilidades. O jogador pode experimentar ações e consequências num mundo simulado, que é criado à partir da imaginação da realidade social. Na verdade, o videogame é a maneira própria de imaginar da sociedade da informação. Eles materializam o campo de ação simbólica da sociedade da informação, que é gigantesco, além de materializar os motivos próprios da cultura digital, tais como a violência anônima, vigilância generalizada, a polarização política e etc. Aprender a jogar também é aprender cultura colocando a própria cultura em jogo.

Nesta palestra, apresentam-se as reflexões de alguém que passou anos imerso no mundo dos videogames e o que isso trouxe de aprendizado. Desde a infância, eu tive a oportunidade de experimentar os jogos, inicialmente compartilhando consoles com amigos e, mais tarde, tendo acesso a um computador pessoal nos anos 90. Esse acesso ao PC abriu portas para uma diversidade de jogos e criatividade de desenvolvedores independentes, uma vez que a distribuição era mais viável nessa plataforma.

Um ponto interessante é a rápida resposta que os videogames oferecem às ações do jogador, permitindo ajustes e estratégias imediatas. Um jogo antigo chamado "After Burner" exemplifica a necessidade de reações ágeis, enquanto títulos mais recentes, como "The Sims", permitiram ao autor experimentar várias possibilidades de vida e personalidade, refletindo aspirações e desejos pessoais.

Ao longo do tempo, os jogos evoluíram, tornando-se desafios cada vez mais complexos. A curva de aprendizado variava, seja enfrentando amigos habilidosos ou a máquina. Jogos como "GoldenEye 007" no Nintendo 64 proporcionaram competições emocionantes e a sensação de superar desafios intransponíveis. Além disso, jogos como "X-COM: UFO Defense" trouxe uma dinâmica única de estratégia, abordagem tática e até mesmo emoções complexas, demonstrando que os jogos podem ser uma forma de lidar com sentimentos internos.

No entanto, nem tudo eram flores. Frustrações, desentendimentos familiares e desafios ao tentar superar obstáculos intensificavam o relacionamento do jogador com os jogos. A experiência dos videogames foi muito mais do que diversão; foi um espelho que refletiu a personalidade, a habilidade cognitiva e as emoções do jogador. A capacidade de jogar, explorar e interagir proporcionou uma jornada de autoconhecimento, maturidade e crescimento.

Palestra proferida a convite do professor Pedro Alessio na disciplina Tópicos em Design de Artefatos Digitais da Pós-graduação em Design da UFPE.

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Fred van Amstel ([email protected]), 10.06.2021

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