Faltam horizontes, sobram espelhos

Quem vive no agito de uma grande nunca tem tempo nem lugar para refletir profundamente. Já frizei a importância do tempo, agora vou frizar a importância do lugar. O crescimento das cidades faz com que as florestas, campos e rios sejam substituídos por prédios, estacionamentos e valetas a céu aberto. Aliás, céu fechado, pois mesmo sem nuvens, não conseguimos ver as estrelas à noite, devido ao excesso de luz que os postes emitem. Essa nova paisagem não é propícia para a reflexão. Tudo quer chamar a sua atenção. Caminhe comigo nesse podcast:

Faltam horizontes, sobram espelhos [MP3] 6 minutos

É por esse motivo que os games fazem tanto sucesso. Eles realmente permitem que você imagine como você poderia ser, diferente do que você já é. Entretanto, se os modelos que os games oferecem não passam de terroristas sem causa armados até os dentes, fica difícil haver genuíno crescimento pessoal.

Todo ser vivo deseja evoluir, é uma tendência natural pela sobrevivência da espécie. É por isso que as pessoas gostam de evoluir personagens em RPGs, escrever diários, estudar, ganhar dinheiro e etc. Porém, cada uma dessas atividades desenvolve certas habilidades. O que estou observando no podcast, é que faltam situações propícias para o desenvolvimento de habilidades como imaginação, inteligência emocional, auto-crítica, arte, questionamento filosófico, religião verdadeira e etc.

O que essa constatação tem a ver com o design de interface? Bem, somos parte dessa grande máquina. Podemos continuar reproduzindo esse modelo anti-reflexão ou não. Sempre que posso, escolho construir horizontes ao invés de espelhos.

Fred van Amstel ([email protected]), 25.07.2005

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